Personalidade estado limite ou borderline
As pessoas com uma personalidade limite são instáveis na percepção da sua própria imagem, no seu humor, no seu comportamento e nas
suas relações interpessoais (que muitas vezes são tempestuosas e intensas). Essa instabilidade muitas vezes desorganiza a vida familiar e
profissional, o planeamento a longo prazo e o sentido de identidade pessoal do indivíduo.
São muito sensíveis à rejeição, reagindo com raiva e angústia a pequenas separações, esse medo do abandono parece
estar relacionado com dificuldades em sentirem - se emocionalmente ligados a pessoas importantes quando estas se encontram fisicamente ausentes. Podem
ocorrer ameaças e tentativas de suicídio, juntamente com a raiva, no casos de abandonos e desapontamentos percebidos pelos indivíduos.
As pessoas com Perturbação Borderline de Personalidade apresentam outros comportamentos impulsivos, como gastos excessivos, comer
compulsivamente, abusar de drogas e álcool, sexo de risco ou condução arriscada.
É frequente que estas pessoas tenham outros problemas psiquiátricos, especialmente perturbação bipolar, depressão, ansiedade,
abuso de drogas/álcool e outras perturbações de personalidade
Perturbação de personalidade narcísica
O termo narcisismo tem as suas origens no clássico mito grego de Narciso, um jovem belo, confinado pelos deuses a nunca se conhecer a si mesmo e
condenado a um amor impossível de consumar. Despertava o amor das jovens gregas e das ninfas, mas era arrogante e desprezava-as, tratando-as com
indiferença. Um dia, Narciso aproximou-se de um lago e apaixonou-se pela sua própria imagem ao vê-la reflectida na água,
lançando-se ao lago para se unir aquele por quem se apaixonara – ele próprio.
Daqui surge o termo de “personalidade narcísica”, a qual tentaremos explicar de acordo com o ponto de vista de um leitor com esta
personalidade.
Provavelmente sente, muitas vezes, que as pessoas que o(a) rodeiam têm vários defeitos. Parece que na maioria das vezes, essas não
estão comparativamente à sua altura. Como se não compreendessem as suas qualidades, fossem incapazes de as reconhecer e validar de acordo
com aquele que acredita ser o seu verdadeiro valor. Tendencialmente sente que só as pessoas de elevado estatuto, valor e importância é que
conseguem estar ao seu nível, sendo naturalmente a essas que procura recorrer.
Sentir que não é suficientemente reconhecido pela maioria das pessoas é realmente intolerável. Por isso, tenta ainda mais
explicitamente demonstrar ou tornar claro aos outros aquele que acredita ser o seu real valor. Procura sistematicamente que as pessoas o reconheçam,
apreciem e valorizem. Ao mesmo tempo, é como se a sua auto-estima fosse muito frágil, o que faz com que tenha medo que os outros o(a) avaliem de
forma negativa. E por vezes este medo é tão grande, que mesmo antes que eles o(a) possam rejeitar, torna-se imperativo desvalorizá-los.
Parece surgir um padrão de relações instável, uma vez que torna-se impossível manter relações estáveis e seguras
com as pessoas que o(a) rodeiam já que estas parecem nunca o(a) compreender ou valorizar como desejaria. Há um desejo de ser o centro das
atenções, mas as pessoas com quem interage acusam-no constantemente de se gabar e de ser pretensioso(a). Ao ouvir isto pode sentir o despertar de
uma grande fúria.
Ao mesmo tempo, há alguma dificuldade em identificar os sentimentos dos outros, em colocar-se no seu lugar e em validar as suas experiências.
É que ainda por cima, quando eles parecem ser melhor sucedidos, surge uma ponta de inveja. Por vezes, os outros podem acusá-lo de ter um
comportamento altivo, arrogante e de ser incapaz de amparar as suas vulnerabilidades sem os criticar.
As suas relações amorosas também parecem falhar sucessivamente e provavelmente sente que a maior parte das pessoas acabou por se afastar de
si. Se por um lado não compreende o porquê disso acontecer, por outro lado não atribui muita importância a esses afastamentos. Como se
existisse um lado de si com medo de continuar a ser desvalorizado pelas pessoas que o rodeiam e por isso também não precisasse delas por perto.
Uma vez que existe a expectativa de que os outros não irão gostar de si, então exige muito desses ao mesmo tempo que dá-lhes pouco de
si, não os deixando aproximar-se em demasia. É como se existisse um lado seu que procurasse intimidade nas relações com os outros, e
outro lado que se sentisse extremamente inconfortável quando esta intimidade se gera. Afinal, acredita que se a outra pessoa descobrisse uma falha
sua, poderia rejeitá-lo(a) e humilhá-lo(a). Porém, se isto eventualmente acontecesse, rapidamente encontraria uma forma de evitar isso,
demonstrando a forma como acredita ser superior a essa pessoa.
Os traços de personalidade narcísica surgem, normalmente, no início da idade adulta e manifestam-se nos mais diversos contextos da vida da
pessoa. A prevalência na população geral é de menos de 1%, sendo que na população psiquiátrica varia entre 2% a 16%. De
salientar que é mais frequente nos homens (50% a 75%).